04/02/2021 09h55 - Atualizado em 04/02/2021 09h56

Café arábica do Caparaó conquista selo de Indicação Geográfica

Cafeicultor José Alexandre Lacerda, de Dores do Rio Preto, uma das lideranças da solicitação da Indicação Geográfica.

O café arábica produzido na Região do Caparaó conquistou o registro inédito de Indicação Geográfica (IG) na categoria de Denominação de Origem (DO) concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). O café arábica em grãos verdes, industrializado na condição de torrado e/ou moído, produzidos nos municípios capixabas de Dores do Rio Preto, Divino de São Lourenço, Guaçuí, Alegre, Muniz Freire, Ibitirama, Iúna, Irupi, Ibatiba e São José do Calçado poderão receber o selo da IG.

A Região do Caparaó abrange ainda os municípios mineiros de Espera Feliz, Caparaó, Alto Caparaó, Manhumirim, Alto Jequitibá e Martins Soares, onde os cafés produzidos também são contemplados com a IG de Denominação de Origem.

O registro inédito do café do Caparaó comprova que o café arábica foi produzido na região, além de outros quesitos como a qualidade do café, o modo de produção familiar, a produção em sintonia com o meio ambiente, entre outras legislações definidas para a conquista da Indicação Geográfica. A publicação da IG foi realizada na Revista de Propriedade Industrial (RPI) do INPI, nessa terça-feira (02). O pedido de registro foi feito em março de 2019 pela Associação de Produtores de Cafés Especiais do Caparaó (APEC) e contou com a colaboração de um comitê gestor composto pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e diversas outras instituições.

De acordo com o INPI, a Indicação Geográfica se refere a produtos ou serviços que tenham uma origem geográfica específica. Seu registro reconhece reputação, qualidades e características que estão vinculadas ao local. No caso do café do Caparaó, a IG comunica ao mundo que a Região do Caparaó se especializou e tem capacidade de produzir o café arábica com diferenciação e excelência. A Denominação de Origem é uma das definições da IG e diz respeito ao nome geográfico da região, que designa o produto, cujas qualidades ou características se devam essencialmente ao meio, incluídos fatores naturais e humanos.

O extensionista do Escritório Local de Desenvolvimento Rural (ELDR) do Incaper de Guaçuí, Maxwell Assis, participou do processo de solicitação da IG para o café do Caparaó. O Incaper trabalha para a melhoria da qualidade do café arábica na Região do Caparaó há mais de 15 anos. O engenheiro agrícola explicou que “o reconhecimento da IG é uma conquista do trabalho construído por diversas mãos”, como a dos cafeicultores que compõem a APEC e outros parceiros institucionais e privados. A demanda pelo selo da IG, segundo o extensionista, nasceu pelos cafeicultores da Apec em 2014.

“Os cafés especiais produzidos no Caparaó têm qualidade diferenciada. São produzidos pela agricultura familiar, com respeito ao meio ambiente e diversos requisitos técnicos e selo abraça todas essas questões. Essa conquista é muito relevante e tem um caráter de diferenciação. Ressalto a importância de uma ação coletiva que nasceu na base dos cafeicultores", disse.

A  APEC é a instituição responsável pela emissão do selo de café do Caparaó para os cafeicultores da região. Um dos objetivos do registro é referendar os requisitos técnicos da produção do café arábica. As instituições como o Incaper fazem parte do conselho regulador, que irá atuar no pedido do selo, nos processos técnicos e em vistorias e auditorias nas propriedades para definir se os critérios técnicos de produção são atendidos.

“A conquista da IG para os cafés arábica produzidos na Região do Caparaó é um marco para o Espírito Santo e para a cafeicultura capixaba. É mais um reconhecimento da qualidade dos nossos cafés e do trabalho árduo dos cafeicultores para a produção de cafés especiais. Esse registro é ainda uma confirmação do trabalho exemplar do Incaper desempenhado há anos para o melhoramento do café no sul do Estado”, destacou o diretor-presidente do Incaper, Antônio Machado.

O secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, Paulo Foletto falou sobre o importante momento para a cafeicultura capixaba. “O café do Caparaó mostra sua força e se diferencia de outras regiões do Brasil e do mundo. Prova disso é o reconhecimento através das premiações ao longo dos anos. É também a valorização do produtor rural que trabalha para melhorar cada vez mais a qualidade dos grãos”, pontuou o secretário.

Já o secretário de Estado de Turismo, Dorval Uliana, apontou a contribuição desse reconhecimento para o destaque do Espírito Santo no País e no mundo. “Um Estado com várias indicações geográficas é um Estado único. O IG para o café produzido no nosso Caparaó representa reconhecimento de características singulares contribuindo para a promoção e posicionamento do Espírito Santo no cenário nacional e internacional”, enfatizou Uliana.

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