Expedição Tropeira percorre o Espírito Santo
Mais do que um encontro, um resgaste da história, da cultura e da memória do Brasil. Essa é a Expedição Tropeira, que reuniu tropeiros para reviver o percurso da Rota Imperial da Estrada Real, de Minas Gerais até o Espírito Santo.
Inicialmente com 13 tropeiros, a expedição de 20 dias começou no dia 1º de abril na cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais. Após percorrer 17 cidades mineiras em oito dias, chegou ao Espírito Santo no último sábado (9), no município de Iúna, na Região do Caparaó, onde outros expedicionários se juntaram ao grupo.
Nesta quarta-feira (13), o grupo chegou a Venda Nova do Imigrante, na região das Montanhas Capixabas, onde segue com as atividades da expedição. Na sexta-feira (15), os tropeiros seguem para Domingos Martins e, no domingo (17), para Santa Leopoldina de onde continuam para a Grande Vitória. Ao todo 14 municípios do Espirito Santo serão percorridos, com final da expedição previsto para o dia 20 de abril.
A Expedição Tropeira Rota Imperial acontece em comemoração aos 200 anos da Rota, que foi concluída em 1816, e tem o objetivo de resgatar a história, a cultura, o turismo e a gastronomia típicos das regiões por onde os tropeiros passavam.
Tradição familiar
José Nildo “Pelé”, um dos organizadores e também participante da expedição, contou que realizar a Rota era um sonho antigo. “Meu pai e meu avô eram tropeiros e poder resgatar isso é muito bom, lembra minhas origens. Apenas este ano foi possível participar e estou muito animado”, explicou.
José também relatou que já foram percorridos mais de 500 km. Para ele, o trajeto mais difícil foi entre os distritos de Ribeirão do Carmo e Furquim, na cidade de Mariana, em Minas Gerais, por ser uma área de muitos pedregulhos.
“Tomamos muitos cuidados nesses 120 km para não machucar os cavalos. O trecho é de uma antiga linha de trem e foi o mais complicado da viagem, onde achávamos que seria difícil foi fácil e onde achávamos que seria fácil foi mais fácil ainda”, afirmou.
A Expedição
A Expedição tem o objetivo de resgatar a história tropeira. Os participantes irão passar por diversas propriedades de agroturismo, onde poderão apreciar cachoeiras, rios, matas, lavouras e comidas típicas da região, além de reviver rotas, histórias e costumes e visitar acampamentos e pousadas.
A previsão dos tropeiros é percorrer os 31 municípios, 17 em Minas Gerais e 14 no Espírito Santo, em 20 dias.
Rota Imperial
A Rota Imperial, conhecida também como São Pedro de Alcântara, surgiu após a descoberta de ouro no interior do Brasil na primeira metade do século XVII. Desbravadores percorriam essas terras para conseguir chegar à região das minas gerais e, para proteger esses locais contra os invasores, a Coroa Portuguesa proibiu a construção de estradas na Capitania do Espírito Santo.
Após a chegada da Família Real no Brasil, em 1808, foi permitida a construção de uma estrada que ligasse Vitória a Ouro Preto, em 1814. A Rota Imperial foi concluída em 1816, consolidando a ocupação do território nos locais por onde passava.
Atualmente, a Rota Imperial proporciona, além do contato com a história, 575 km de belas paisagens entre vales e montanhas e a cultura marcante dos imigrantes que colonizaram as terras. São 31 municípios, sendo 17 em Minas Gerais e 14 no Espírito Santo. Os municípios capixabas são: Cariacica, Castelo, Conceição do Castelo, Domingos Martins, Iúna, Ibatiba, Ibitirama, Irupi, Muniz Freire, Viana, Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá, Venda Nova do Imigrante e Vitória.
Os expedicionários:
José Nildo “Pelé”, 37 anos, Venda Nova do Imigrante;
Celso José de Oliveira, 50 anos, Conceição de Castelo;
Severino Gonçalves da Cruz, 46 anos, Conceição de Castelo;
Betinho Vargas, 45 anos, Conceição de Castelo;
Pedro Paulo Belote, 62 anos – Conceição de Castelo;
Paulo Sergio Francaroli, 61 anos – Castelo;
Jesus Gomes Vieira, 50 anos, Ibatiba;
Onésio Gomes Vieira, 56 anos, Ibatiba;
João Amorim de Freitas, 61 anos, Ibatiba;
Alício Falqueto, 54 anos, Venda Nova do imigrante/ Iúna;
Edmilson Melo, 53 anos, Anchieta;
Walter Mateus Rocha, 51 anos, Cachoeiro de Itapemirim;
Henrique Celso Mamede de Souza, 47 anos, Cachoeiro de Itapemirim.
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